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FA

Você sabia que a fibrilação atrial é uma das principais causas de alterações do ritmo cardíaco? Essa arritmia é responsável por afetar cerca de 10% das pessoas acima de 80 anos e pode aumentar o risco de acidentes vasculares cerebrais e insuficiência cardíaca. Mesmo sem apresentar sintomas, é importante realizar um diagnóstico precoce e tratamento para prevenir essas complicações graves. Neste artigo, vamos explorar as causas, sintomas, tratamentos e riscos da fibrilação atrial, para que você possa estar preparado e cuidar de sua saúde cardiovascular.

Sumário

O que é a fibrilação atrial (FA)?

O coração trabalha como uma bomba impulsionando o sangue para todas as regiões do corpo, é formado por quatro câmaras, dois átrio e dois ventrículos. O átrio direito recebe o sangue do corpo e o esquerdo dos pulmões. Os ventrículos que ficam abaixo são as principais bombas. O ventrículo direito bomba o sangue para os pulmões, para ser oxigenado e o esquerdo, bomba o sangue já oxigenado para o corpo inteiro.

Essa bomba é coordenada por um sistema elétrico que transmite ao músculo cardíaco a ordem para ele bater. O nódulo sinusal, fica no átrio direito e funciona como marca-passo cardíaco. Daí sai o comando para o coração bater. Esse impulso elétrico atravessa o coração inteiro através do músculo cardíaco.

Cada impulso elétrico nasce do átrio. Essas câmeras se contraem pelo estimulo elétrico, o que ajuda o sangue a fluir para o ventrículo  e o impulso nos ventrículos, causa uma contração maior, impulsionando o sangue para fora do órgão.

Quando o coração está em FA, quer dizer que o átrio perdeu o comando, está com problema no  seu sistema elétrico. Ele perde o ritmo regular e passa a bater desordenadamente e com frequência maior.

 

A fibrilação atrial representa 1/3 das internações por alterações do ritmo cardíaco

Sua incidência aumenta com a idade, a partir de 50 anos, duplica a cada década. Acomete cerca de 10% de ambos os sexos na faixa etária de 80 anos ou mais. Em 30% dos casos é isolada e idiopática ou seja, ocorre na ausência de cardiopatia. Apresenta incidência  de 2:1 de homens:mulheres.

 

O que causa a FA?

 

Geralmente a causa da FA (Fibrilação Atrial) é desconhecida, mas alguns fatores de risco aumentam a chance de seu aparecimento. Ocorre geralmente em pacientes com insuficiência coronariana, infarto prévio, em insuficiência cardíaca e mesmo em pessoas que nunca apresentaram doença cardíaca

Outras causas são:

  • Hipertensão arterial – Pode causar estresse excessivo sobre o coração, aumentando o risco de fibrilação atrial.
  • Cirurgia cardíaca recente – Pode causar lesões no sistema elétrico do coração, levando à fibrilação atrial.
  • Inflamação cardíaca (miocardites ou pericardites) – Pode causar danos no músculo cardíaco e afetar o sistema elétrico do coração, levando à fibrilação atrial.
  • Cardiopatias congênitas – Pode causar problemas no sistema elétrico do coração, levando à fibrilação atrial.
  • Hipertireoidismo – Pode causar aceleração do ritmo cardíaco, aumentando o risco de fibrilação atrial.
  • Doença aguda ou crônica do pulmão – Pode causar falta de oxigenação no sangue, o que pode levar à fibrilação atrial.
  • Diabetes – Pode causar danos nos nervos e vasos sanguíneos, aumentando o risco de fibrilação atrial.
  • Abuso do álcool – Pode causar danos no sistema elétrico do coração, levando à fibrilação atrial.
  • Uso de drogas estimulantes – Pode causar aceleração do ritmo cardíaco, aumentando o risco de fibrilação atrial.
  • Apneia do sono – Pode causar interrupções na respiração durante o sono, o que pode afetar o sistema circulatório e aumentar
  • Síndrome metabólica
  • Outras
 

Por que é necessário tratar a FA?

 

Mesmo sem apresentar sintomas a presença de FA aumenta o risco de :

  • Acidente vascular cerebral (AVC) – Ocorre quando o fluxo sanguíneo para o cérebro é interrompido, causando danos cerebrais e possíveis danos permanentes. A fibrilação atrial aumenta o risco de AVC devido à formação de coágulos no átrio.

  • Embolias sistêmicas – São coágulos que se formam no coração e viajam para os vasos sanguíneos, podendo causar bloqueios e danos em órgãos vitais. A fibrilação atrial aumenta o risco de embolias devido à formação de coágulos no átrio.

  • Insuficiência cardíaca – A insuficiência cardíaca é a falha do coração em bombear o sangue para o corpo, causando acúmulo de líquidos e dificuldade para respirar. A fibrilação atrial pode causar insuficiência cardíaca devido ao mau funcionamento do átrio.

  • Cansaço e fadiga crônica – A fibrilação atrial pode causar cansaço e fadiga devido ao esforço extra que o coração precisa fazer para bombear o sangue corretamente.

  • Outros problemas de arritmia: A fibrilação atrial pode causar outros problemas de arritmia, como taquicardia e bradicardia, devido ao ritmo cardíaco irregular.
  • Insuficiência circulatória: A fibrilação atrial pode causar insuficiência circulatória, pois o coração não consegue bombear o sangue de forma adequada
 

Qual o melhor tratamento para FA?

 

O tratamento correto depende da causa, do tipo de FA, dos sintomas e do nível de comprometimento cardíaco.

O objetivo do tratamento são três metas:

  1. controlar a frequência cardíaca
  2. reverter ao ritmo normal, se possível
  3. prevenir a embolia

O tratamento farmacológico da FA ainda não é definitivo, os medicamentos disponíveis apenas controlam o problema. O uso de anticoagulantes ou antiplaquetários para a prevenção são imprescindíveis. Entretanto, a tecnica de ablação por catéter tem evoluído muito e cada vez apresenta menos complicações. Ainda falta muito para esse ser o tratamento padrão da FA, mas em muitos casos já tem sua indicação como primeira escolha.

 

Como prevenir a embolia?

 

A prevenção da formação de êmbolos no coração, decorrente da FA, é parte fundamental do tratamento. Seu controle adequado diminui em menos de 1% o risco de embolia.

Os medicamentos mais frequentemente utilizados são a varfarina e o ácido acetil salicílico (AAS). Porém hoje existe uma nova classe de medicamentos que também podem ser prescritos, são eles: dabigatran, rivoraxaban e apixaban.

Todos esses medicamentos reduzem a habilidade do sangue de se coagular, o que ajuda a diminuir o risco do tromboembolismo em pacientes com FA.

 

O que é possível fazer para prevenir a FA?

 

O controle dos fatores de risco cardiovasculares, tais como  hipertensão arterial,  tabagismo,  diabetes, obesidade e do alcoolismo, podem prevenir mais da metade dos casos de FA.

Conclusão

Em conclusão, a fibrilação atrial é uma arritmia cardíaca que pode causar problemas graves no sistema circulatório. Com o aumento da idade, a partir de 60 anos, a incidência da fibrilação atrial também aumenta, tornando-se uma preocupação cada vez maior. A formação de coágulos é um dos principais riscos associados à fibrilação atrial, podendo levar a AVC e insuficiência cardíaca. É por isso que é fundamental diagnosticar a fibrilação atrial o mais cedo possível. Além disso, o tratamento adequado pode ser utilizado para prevenir esses riscos e melhorar a qualidade de vida do paciente. Em alguns casos, a fibrilação atrial pode causar falta de ar e cansaço crônico, mas esses sintomas podem ser controlados com o tratamento adequado. É importante sempre buscar orientação médica para garantir um diagnóstico preciso e tratamento eficaz.

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Prof. Dra. Marisa Amato

Prof. Dra. Marisa Amato

Especialista em Cardiologia pela Associação Médica Brasileira. Mestrado em Ciências, na área de Fisiologia Humana, pela Universidade de São Paulo,1982. Doutorado em Medicina pela Universidade de São Paulo,1988. Bolsista de pós doutorado do governo alemão pela Fundação Alexander von Humboldt, em Hamburg, 1992/1993. Professora Livre Docente de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 1998. Artigo Científico com repercussão internacional, publicado na Heart British Medical Journal, servindo de referência para o Consenso Europeu de Cardiopatias Valvares, 2001. MBA em Economia e Gestão em Saúde pela Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo,em 2005.Presidenta da Academia de Medicina de São Paulo, biênio 1997/1998. Membro do Conselho de Cultura da Associação Paulista de Medicina, biênio 1999/2002. Membro do Conselho de Economia, Sociologia e Política da Federação do Comércio do Estado de São Paulo do Sesc e do Senac, desde março de 2008.Presidenta do Clube Humboldt do Brasil, eleita em novembro de 2008. CRM: 30400 RTE 056950

Entendendo a fibrilação atrial (FA)