Capítulo 30
Organização de Eventos Científicos
326 a 329. Quatro Certames Científicos – 330. Reuniões Científicas da Academia – 331. Tertúlias Acadêmicas – 332. Reuniões Magnas
326 a 329. Quatro Certames Científicos
326. Simpósio Internacional “Saúde-88” – participou como Secretária Geral do evento patrocinado pela Sociedade Brasil-Alemanha de Saúde, de 4 a 6 de setembro de 1988. (Doc. 108)
327. V Conclave da Federação Brasileira de Academias de Medicina – participou da organização desse evento na condição de Presidenta da Comissão Executiva de Organização. O certame foi presidido pelas Academias Filiadas e realizada na Federação do Comércio do Estado de São Paulo, de 26 a 28 de maio de 1994. (Doc. 217)
328. V Conclave da Federação Brasileira de Academias de Medicina – foi Secretária da Sessão: Descompasso entre tecnologia e saúde do povo, também constituída por: Presidente: José Hermínio Guasti (RJ); Moderador: L.C.Mattosinho-França (SP); Relatores: José Hermínio Guasti (RJ), L.C.Mattosinho-França (SP), Raul Marino Jr. (SP), Fernando Proença de Gouvêa (SP), Newton Vital Figueiredo (PB), Mário Toscano de Brito Filho (PB), Antero Coelho Neto (CE), Aprígio Mendes Filho (CE), Eduardo Régis Jucá (CE), Roberto Alvarenga (MG), Carlos Tortelli Costa (RJ), Mário Negreiros dos Anjos (RJ), Mário A. Saieg (RJ), Ronaldo Cury Gimonti (RJ), Edmundo Leal de Freitas (BA), Waldenir de Bragança (RJ). (Doc. 216)
329. Medicina para o Século XXI – A Saúde no Brasil, Congresso Comemorativo do Centenário da Academia de Medicina de São Paulo – participou do evento como Membro da Comissão Organizadora. Realizado dentro da Exposaúde 95, São Paulo, SP, de 5 a 7 de julho de 1995. (Doc. 189)
330. Reuniões Científicas da Academia
Organizou, enquanto Presidenta Eleita, as reuniões científicas da Academia de Medicina de São Paulo.
setembro/1996 – Administrando o Futuro (exposição oral)
José Salibi Neto
outubro/1996 – Prevenir é o melhor remédio
Marisa Campos Moraes Amato
A Academia de Medicina de São Paulo em parceria com o Vascular Cardio Center e com o apoio da Faculdade Íbero-Americana, está ampliando cada vez mais seus Serviços de Extensão à Comunidade. Agora, quem possuir um microcomputador 386 com modem já pode fazer seu Check-up Cardiovascular em casa. Para isso basta ligar para 607-2894 acessando BBS CHECK-UP, ou se tiver dificuldade, solicitar seu disquete. Uma vez encontrado o programa basta responder o questionário de maneira fiel, que ao término aparecerá na tela um gráfico indicando os fatores que interferem no seu perfil de risco cardiovascular com maior ou menor intensidade. Assim, tendo uma idéia de seus pontos mais vulneráveis será possível saber como deverá cuidar-se melhor. Esse é um programa que tem a finalidade de alertar as pessoas para a prevenção. Do ponto de vista cardiovascular muita coisa pode ser feita para evitar um derrame, um infarto ou um aneurisma, etc. Depois que esses acidentes ocorrem, muito pouco pode ser feito para ajudar na recuperação. Pense na vantagem de prevenir agora para não remediar depois.
outubro/1996 – Erro Médico e a Lei
Irany Novah Moraes
A ampla divulgação feita pela mídia, da insatisfação de resultados da assistência à saúde, tem gerado confusão na população quanto ao que realmente seja erro médico. Ainda pior são os efeitos decorrentes do abalo da confiança do paciente no médico, tão fundamental na cura. Não bastasse esse malefício, a generalização expande-o para toda a classe. Assim, todos passam a duvidar da própria medicina brasileira. Convém lembrar que a relação médico/paciente é regida por um contrato implícito de prestação de serviços. Embora não seja por escrito, o simples fato do paciente procurar o médico e esse o atender é suficiente para que tal contrato se firme. Entretanto, reveste-se certas peculiaridades. Trata-se de um, assim chamado – contrato de meio – pelo qual o médico se obriga a cuidar e não, necessariamente, curar o paciente. O médico deve, por esse contrato, propiciar ao doente o melhor que a medicina pode oferecer, considerando ocasião, local e circunstâncias. O assunto, para ser bem entendido, deve ser analisado: do ponto de vista do paciente e do médico. A simples frustação dos anseios do paciente pode fazer-lhe supor que o médico tenha errado. O médico, por sua vez, diante da limitação da medicina muitas vezes tem dificuldade na escolha da melhor conduta para os casos difíceis. Persistindo a dúvida, cabe ao CRM ou à Justiça dirimi-la. [Excerto de Erro Médico e a Lei, Irany Novah Moraes (4ª ed. no prelo), Ed.Rev.Tribunais, 627p.]
janeiro/1997 – Uma nova doença
L.C. Mattosinho-França
Os meios de comunicação relatam diariamente uma sucessão de fatos violentos em nosso país. Excluídas as tragédias imprevisíveis e acidentes, restam outros inúmeros acontecimentos que, pela sua violência e amplitude, chocam a população, trazendo elementos de insegurança para a sociedade. O porte indiscriminado de armas de fogo, pela população e pelos órgãos policiais, estes com exibição ostensiva e mesmo exibicionista. O uso dessas armas a qualquer hora e local, por cidadãos comuns, por marginais e por policiais, em meio ao trânsito e em locais densamente habitados, levando à notícia diária de feridos por balas perdidas, mortes e chacinas. Por outro lado os protestos não mais restritos a cartas e memoriais encaminhados às autoridades, porém realizados à luz do dia e em meio à vida pública. O tráfego é tumultuado, o direito de ir e vir é coibido, pelo exercício indiscriminado do poder de protestar, transformado em direito não se sabe em que carta constitucional. Por outro lado os defensores da ordem pública assistem impávidos à tais distúrbios, garantindo seu exercício pela sua não interferência, gerada por uma visão obtusa do que venham a ser direitos sociais, manipulados por agentes sociais da comunidade, organizações não governamentais e partidos políticos. Os direitos da imensa maioria não participante são desconhecidos, assistindo-se passivamente ao vilipêndio desses direitos do cidadão. Bloqueios de ruas e estradas, destruição de veículos de transporte e invasões de propriedades tornaram-se rotina diária, questionando-se apenas onde e quando irão acontecer. Já o direito de propriedade, enraizado em nossa sociedade, é questionado abertamente pelos que não têm, ou dizem não ter. É inquestionável a forma de combatê-la, sob o olhar complacente do poder público e da justiça. Esta, por sua vez, interpreta os fatos com certa largueza, pendendo fortemente para o lado dos aparentemente fracos, porém acirradamente contestadores. A própria justiça do trabalho, que deveria mediar, coloca o empregado contra o patrão, numa concepção ultrapassada de luta de classes inexistente. São esses alguns exemplos do que ocorre em nosso dia a dia, provocando espanto e temor. Serão entretanto doenças isoladas da sociedade, ou apenas sintomas de uma doença maior e mais abrangente?
Com o fim da ditadura militar e de suas forças de repressão, o que era proibido tornou-se permitido. A idéia foi entretanto extrapolada, e a permissividade tornou-se norma, não apenas para os que a exercem, como também para aqueles que a deveriam coibir. Não há limites do que questionar, tornou-se aceitável optar pelo inaceitável. Quaisquer tradições são automaticamente obsoletas, a inovação é a norma, ainda que destrutiva e não criativa. A permissividade é nefasta, aceita por um lado o massacre de presos sob custódia do Estado, e por outro o bloqueio de vias públicas, igualmente custodiadas. A permissividade não é uma revolução, defesa e propugnação de uma idéia ou conjunto de princípios: é um “laissez faire” inconseqüente, sem bandeira ou ideal, sem doutrina ou objetivo. Será essa a nossa doença?
331. Tertúlias Acadêmicas
Nos moldes da idéia do filósofo francês Marc Stantet que, assíduo freqüentador do “Cafe des Phares” na praça da Bastilha, em Paris, reunia os amigos e discutia temas filosóficos, bem como à semelhança da versão nacional dos chamados “Sabadoyles” de Plínio Doyle que, desde 1964, vem reunindo os literatos no Rio de Janeiro, idealizou um programa de Reunião Mensal da Academia que, chamou “Tertúlias Acadêmicas”, no Restaurante Gambino na Rua da Consolação, 3610, para almoço onde um convidado faz explanação sobre temas sociais ou econômicos da medicina. A freqüência desde o início dessa atividade tem aumentado progressivamente e a participação é de manifestação tácita do interesse dos acadêmicos. (Doc. 301)
19/março/1997 – Explanação sobre os objetivos das Tertúlias Acadêmicas
Marisa Campos Moraes Amato
No decorrer desses cem (100) anos, a Academia já teve sua sede própria na rua do Carmo, foi desapropriada, a burocracia governamental indenizando tardiamente, e os malefícios da inflação corroendo a moeda, não permitiram readquiri-la. A Academia foi reconhecida como sendo de utilidade pública Federal em 06 de junho de 1925, e depois como sendo de utilidade pública Estadual pelo decreto de 26 de novembro de 1934. Hoje, com a estabilidade econômica, temos talvez mais condições de pleitear uma nova Sede própria. Para tal, cada acadêmico terá oportunidade de contribuir. Mas vamos, sobretudo sensibilizar a classe empresarial fazendo valer a real utilidade social da Academia. Todos aqueles, pessoas físicas ou jurídicas, que tiverem essa visão, serão agraciados pela Academia com o título de Membro Benemérito.
Acadêmicos Presentes: Antônio Carlos Zanini; Ceci Mendes de Carvalho Lopes; Fernando Proença de Gouveia; Guido Arturo Palomba; Irany Novah Moraes; José Luiz Lemos da Silva; José Rosemberg; Júlio Croce; Luiz Alberto Bacheschi; Luiz Carlos Canto Pereira; Luiz Celso Mattosinho França; Luiz Fernando Pinheiro Franco; Marco Flávio Mastrandonakis; Marisa Campos Moraes Amato; Nelson Guimarães Proença; Oswaldo Paulino; Paulo Kassab; Paulo Manuel Pêgo Fernandes; Paulo Márcio Coifman; Renato Andretto; Roberto Costa; Rozeane Luppino; Salvador José de Toledo Arruda Amato.
23/abril/1997 – Seguro de Responsabilidade Civil Profissional
(exposição oral)
Paulo Roberto Campos Castro
(Diretor Presidente da Paulo Castro e Associados Adm. e Corretora de Seguros)
Acadêmicos Presentes: Antônio Carlos Zanini; Antônio Morato Leite Neto; Cássio Ravaglia; Celso Guerra; Fábio Xerfan Nahas; Guido Arturo Palomba; Irany Novah Moraes; José Luiz Lemos da Silva; Júlio Croce; Luiz Carlos Canto Pereira; Luiz Celso Mattosinho França; Luiz Fernando Pinheiro Franco; Luiz Yu; Marco Flávio Mastrandonakis; Marisa Campos Moraes Amato; Nadin Farid Safatle; Nelson Guimarães Proença; Oscar Resende de Lima; Paulo Kassab; Paulo Manuel Pêgo Fernandes; Paulo Márcio Coifman; Pedro Nahas; Salvador José de Toledo Arruda Amato.
21/maio/1997 – Apresentação do livro “Resgate do Clínico Geral”, com a presença do Editor Casemiro Payá.
Irany Novah Moraes
O grande progresso da medicina moderna tem estarrecido a sociedade por gerar esperança de longevidade e de melhor qualidade de vida. É inegável o valor da especialização do médico nesse contexto. Entretanto, esta trouxe imbutida também o germe da regressão intelectual. Um dos malefícios para o qual ela tenha contribuído, é certamente o desaparecimento do antigo clínico geral que alguns conheceram, outros ouviram falar e todos sentem muita falta nos dias de hoje. Por outro lado, o sistema educacional brasileiro, planejado sob a égide da demagogia, produz anualmente mais de oito mil médicos e dispõe apenas de quatro mil vagas nos Programas de Residência Médica (treinamento tutelado em serviço). Estes aliás, funcionam bem, estão até mesmo suprindo falhas do ensino de graduação chegando mesmo a fazer verdadeiro “supletivo” das Faculdades inadimplentes. Entretanto, como o mercado de trabalho tem capacidade para absorver cinco mil médicos, os mil excedentes, comprovadamente despreparados conseguem trabalho. Assim não tendo “especialização”, apresentam-se como “clínicos”, por exclusão e não por opção. Esses, em última análise, são os maiores responsáveis pela imagem denegrida da classe. Por saberem pouca medicina, pedem exames em exagero, sem critério e chegam mesmo até a desconhecer sua interpretação. Assim, encarecem a assistência médica. Sem diagnóstico correto prescrevem inadequadamente, aumentando o tempo da doença e conseqüentemente agravando seu custo social, são ainda os que mais freqüentemente cometem Erro Médico. Ressalte-se que esses jovens também são vítimas do Sistema que não os preparou adequadamente. O condenável hábito de generalizar os fatos negativos denigre a imagem de todos os demais médicos que, devotos, garantem, apesar das dificuldades, a saúde da população. Há uma solução imediata: resgatar o Clínico Geral! Cabe às entidades médicas, que devem zelar pela cultura médica, a missão de envidar esforços com esse objetivo. Uma das maneiras é, sem dúvida, “em mutirão”, ministrar Cursos de Especialização em Clínica Médica aproveitando a parcela crítica de conhecimentos de cada especialidade que o Clínico não poderá ignorar. Esta sugestão é factível e terá resposta imediata com inegável melhoria do atual Sistema de Saúde, mas é mister que o Governo e entidades que empregam médicos valorizem esse especialista cuidando também do reconhecimento pecuniário de seu trabalho. Para o futuro, pensando em 2010, as Universidades, já deverão ter assumido essa responsabilidade que lhes cabe e o Governo ter também administrado o problema, recuperando ou fechando Escolas inadimplentes. A imagem do médico será resgatada, o doente beneficiado e a Nação com saúde será mais forte.
Conferência – Tabagismo, Moderna e Grave Epidemia
José Rosemberg
A Organização mundial de Saúde, baseada nos dados fornecidos por mais de 80.000 documentos científicos, informa que o tabagismo é a maior causa isolada, evitável de doença e morte. O tabaco é o único agente que não sendo bactéria nem vírus, adquiriu características pandêmicas pelos malefícios que causa à saúde mundial. O tabagismo deve ser encarado como epidemia, e digamos, “contagiosa”, por prejudicar os fumantes e os não fumantes que com aqueles convivem. Maciça evidência agora disponível, mostra que 50 causas de morbidade e mortalidade são mais freqüentes nos fumantes. Destas o tabaco é responsável por 90% dos casos de câncer do pulmão, 80% da bronquite crônica e enfisema pulmonar, 30% dos enfartos do miocárdio. Os tabagistas têm ainda um risco aumentado significante, de 30% a 200% ou mais, de contrair infecções respiratórias bacterianas e viróticas, de câncer da boca, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, rim, bexiga, leucemia mieloide e de doenças como aneurisma da aorta, acidente vascular cerebral, trombangeite obliterante, úlcera péptica, catarata e outros distúrbios em vários órgãos.
As mulheres fumantes, além dos males referidos, sofrem maior risco de câncer da mama e do colo do útero, menopausa precoce, osteoporose; se ao tabaco há associação do uso de anovulatórios orais, aumenta a incidência de enfarto do coração e derrames subaracnóides. As gestantes que fumam durante a gravidez têm maior incidência de descolamento precoce da placenta, de aborto, de prematuridade, de neonatos com peso inferior ao normal, mortalidade neonatal, síndrome da morte súbita infantil, crianças com atrasos do desenvolvimento mental avaliado na idade escolar.
Os malefícios à saúde dos tabagistas têm vínculo estreito com o tempo que se fuma e a quantidade de tabaco consumida por dia. O fumo do tabaco é responsável por 80% das fontes poluentes ambientais. Os que vivem nos recintos em que se fuma, mesmo não sendo fumantes (fumantes passivos) seja no trabalho, lazer, nos domicílios, ou em todos juntos o que é pior, sofrem prejuízos em sua saúde. Crianças cujos genitores fumam, especialmente a mãe, têm risco aumentado de contrair infecções respiratórias baixas e altas como, bronquiolite, bronquite catarral aguda, pneumonia, broncopneumonia, otite, sinusite e amigdalite; nelas também acentuam-se os acessos de asma. Adultos expostos à poluição tabágica durante alguns anos (acima de 5), têm maior risco de prejuízos da capacidade funcional respiratória, de contrair enfarto do coração e câncer do pulmão. A extraordinária nocividade do fumo do tabaco, explica-se pela grande quantidade de elementos tóxicos que contém. Além da nicotina, causadora da dependência, já se isolaram 4.720 substancias diferentes, que por várias maneiras agem deleteriamente. Há no mundo 1 bilhão e 100 milhões de fumantes, consumindo 6 trilhões de cigarros por ano. Os fumantes passivos devem ser em torno de 2 bilhões.
Portanto metade da humanidade está envolvida com o tabagismo. Na atualidade morrem por ano 3 milhões de tabagistas por doenças tabaco-relacionadas. De 1930 a 1990, os óbitos decorrentes do tabagismo foram da ordem de 60 milhões, sendo 39 milhões do grupo de 35 a 69 anos e 21 milhões dos 70 anos para cima, representando respectivamente 30% e 16% da mortalidade geral. A perda de esperança de vida é de 22 anos para o grupo mais jovem e 8 anos para o mais velho.
A epidemia tabágica está se deslocando dos países ricos para os mais pobres. As multinacionais tabaqueiras não podendo mais progredir nos primeiros, estão se lançando com todas as suas forças de propaganda massificante nos países em desenvolvimento onde em geral as leis anti-fumo são mais fracas. Segundo projeções da OMS, se os padrões de consumo de tabaco não se reverterem, os atuais 3 milhões de óbitos anuais, subirão a 10 milhões no ano de 2020. Atualmente, dos óbitos, 1 milhão estão nos países em desenvolvimento, os quais chegarão a 7 milhões na década dos anos 2020. Portanto, é o mundo em desenvolvimento, no qual estamos inseridos, que sofrerá as pesadas conseqüências. Compete fundamentalmente à classe médica, às nossas instituições médico-científicas, mobilizarem-se científica e politicamente para barrar a invasão do tabagismo, o qual de 1970 a 1990 aumentou em 127%, enquanto a população cresceu 55%. Já temos a estimativa de 80.000 a 100.000 mortes anuais decorrentes do tabagismo.
Urge substituir as atuais leis parciais e pouco eficazes, com nova de âmbito nacional, antitabagica global, de caráter eminentemente preventivo, alicerçada em bases fundamentais além das medidas existentes, a saber: Integração do controle da epidemia tabágica no Sistema Nacional de Saúde, com ênfase na atuação à nível da atenção primária, através da municipalização das ações de saúde; Medidas impedientes da difusão do tabagismo: proibição total da propaganda direta e indireta dos produtos do tabaco em todos os meios de comunicação; proibição de fumar nos ambientes coletivos de qualquer natureza, públicos e privados; demais medidas já consagradas em legislações da espécie; mobilização dos médicos, e demais profissionais da saúde, para dispensarem aos pacientes tabagistas ou não, alguns momentos com aconselhamento e orientação, aos primeiros para cessação de fumar, e aos segundos para não se iniciarem no tabagismo; Medidas educativas abrangendo a comunidade, com especial atuação junto à juventude, objetivando criar uma sociedade conscientizada de que fumar constitui uma atitude antisocial.
Acadêmicos Presentes: Antônio Carlos Zanini; Bruno König Jr.; Cássio Ravaglia; Ceci Mendes de Carvalho Lopes; Celso Guerra; Fernando Proença de Gouveia; Guido Arturo Palomba; Irany Novah Moraes; José Antônio Franchini Ramires; José Luiz Lemos da Silva; José Rosemberg; Júlio Croce; Luiz Baccalá; Luiz Carlos Canto Pereira; Luiz Celso Mattosinho França; Luiz Fernando Pinheiro Franco; Marco Flávio Mastrandonakis; Marisa Campos Moraes Amato; Nelson Guimarães Proença; Oscar Resende de Lima; Oswaldo Inácio Tella Jr.; Oswaldo Paulino; Paulo Manuel Pêgo Fernandes; Paulo Márcio Coifman; Salvador José de Toledo Arruda Amato; Sérgio Bortolai Libonati.
25/junho/1997 – A Academia na Internet (exposição oral)
Salvador José de Toledo Arruda Amato
Acadêmicos Presentes: Angelino Manzione; Antônio Carlos Zanini; Antônio Morato Leite Neto; Benjamin José Schimidt; Ceci Mendes de Carvalho Lopes; Eulógio Martinez; Fábio Xefan Nahas; Fernando Proença de Gouveia; Irany Novah Moraes; José Luiz Lemos da Silva; Luiz Baccalá; Luiz Carlos Canto Pereira; Luiz Celso Mattosinho França; Marisa Campos Moraes Amato; Nadin Farid Safatle; Oscar Resende de Lima; Paulo Kassab; Paulo Manuel Pêgo Fernandes; Paulo Márcio Coifman; Salvador José de Toledo Arruda Amato; Sérgio Bortolai Libonati.
23/julho/1997 – O Médico no Sistema de Atenção à Saúde
Fernando Proença de Gouveia
Vivendo e acompanhando há tantos anos a evolução da atenção a saúde da nossa população e a imagem do médico nela inserido, entendo que vale a pena chamar a atenção para alguns aspectos da nossa profissão e do que vem acontecendo com ela.
Sendo filho de médicos, com o pai dedicando-se ao Serviço Público desde a década de 20 e desempenhando papel do “médico de família” tipo sacerdote, altruísta e caridoso, passei minha infância admirando a sua imagem a dedicação, e o respeito que envolvia sua atividade profissional. É evidente que o momento histórico era outro, numa São Paulo bem menor que hoje, com ares de província, bem diferente da metrópole em que vivemos hoje.
Entretanto essas circunstâncias familiares acrescidas do fato de haver estudado medicina (década de 50) permitiram que eu acompanhasse de perto a evolução histórica da nossa categoria.
Daquela figura “sacerdotal” ao “trabalhador de saúde” de hoje muita coisa mudou e a falsa figura do médico na nossa sociedade vem se transformando progressivamente no “doutor rico e privilegiado”, uma pseudo aparência de prosperidade, iludindo os mais incautos.
A esse conceito social segui-se nos últimos anos a realidade do profissional mal assalariado, com vários vínculos para seu sustento; más condições de trabalho, afetivamente distante do seu paciente que aparece mais como produto de um processo frio e impessoal, diverso do cliente personificado e afetivamente ligado a ele. Na falta do médico generalista de família prevalece cada vez mais o especialista, acessível após longa espera nos ambulatórios e enfermarias do paciente numerado e sem nome. Cresce a preferencia pela saúde coletiva que acaba por abranger a massa assistencial oferecida pelo médico sem face e anônimo. É o sanitarista predominando sobre a assistência individual de antigamente. Alguns sucessos coletivos justificam essa tendência, e os seus efeitos sobre o nível de saúde da população são indiscutíveis.
A situação ideal é de equilíbrio já que um especialista completa o outro dentro do sistema de atenção à saúde, com ênfases diferentes à prevenção e as ações curativas nos diversos níveis de complexidade.
As Origens e suas Conseqüências – É difícil julgar as causas reais desta evolução; a medida que ocorre o rápido desenvolvimento tecnológico dos recursos de diagnóstico e terapêutica há um desestímulo a propedêutica semiológica tradicional que de certa forma caracteriza o médico clínico. Paralelamente a política que norteia as decisões vai fazendo prevalecer o financeiro sobre o social, incentivando reduções de recursos em contraste com o elevado custo operacional.
Como o “Social” depende estritamente de recursos humanos (+/- 80%) para sua operacionalização é fundamental a formação e a reciclagem de profissionais da saúde a fim de manter o sistema ágil e atualizado. E os centros formadores tem de se coadunar com as necessidades do mercado mantendo uma oferta de profissionais condizentes com a demanda de serviços.
A insuficiência de recursos humanos, as más condições de trabalho e de retribuição salarial refletem-se diretamente na má qualidade da assistência e desestímulo aos profissionais, especialmente na atividade médica. Surge a reação natural do mercado explorando o médico que por sua vez tenta enfrentar o problema trabalhando mal e desdobrando seu tempo entre vários empregos. As conseqüências dessa “guerra” são inevitáveis: além do desestímulo profissional há o desprestígio social do médico, o descrédito na sua capacidade profissional e a perda de liderança na equipe de saúde. Os comandos do sistema de saúde já prescindem do médico identificado como mau administrador e, infelizmente, como “explorador” do usuário.
Essa falsa idéia tem substituído o médico por engenheiros, economistas, etc. em altos cargos de direção do sistema de saúde.
Medidas a Adotar: 1.Revisão das fontes de formação; 2. Reciclagem periódica obrigatória; 3. Dedicação exclusiva/emprego único; 4. Participação comunitária
1. Aos órgãos formadores de profissionais de saúde e outros da área social compete a adequação dos recursos às necessidades do mercado. Nisso entra o preparo do médico como administrador, da enfermagem, em todas as categorias, capacitada à assistência ao usuário, doente ou não; 2. Ao mesmo tempo, tão importante quanto a formação de novos é fundamental a capacitação dos antigos com acesso a reciclagem de seus conhecimentos. O estímulo para esse constante aprimoramento dos profissionais pode ser obtido pela sua progressão funcional associada diretamente com a respectiva ascensão técnica. Em decorrência desse crescimento profissional tem que haver a perspectiva de uma carreira, baseada na respectiva capacitação técnica e sua aptidão administrativa. Da somatória desses fatores julgados por chefias anteriores, a disponibilidade de tempo e sua capacidade de liderança corresponderá uma remuneração condizente com as responsabilidades assumidas; 3. Essa seqüência acaba com as indicações políticas e estimula os mais novos a seguirem o mesmo caminho, com dedicação exclusiva e desenvolvimento de uma mística de serviço de boa qualidade e orgulho dos profissionais nele engajados.
Outra dinâmica que ajuda muito o uso dos serviços como campo de treinamento e formação de novos profissionais numa harmônica integração docente assistencial. Essa atividade estimula o aperfeiçoamento e de uma certa forma, garante a vigilância permanente da qualidade dos serviços prestados. 4. Por fim, restaria lembrar a importância do controle social com participação da comunidade através de Conselho Comunitário, do voluntariado interno e da busca ao usuário através dos agentes comunitários de saúde.
Nesse conjunto de ações, o médico voltará progressivamente a assumir o papel de liderança que ele sempre desempenhou no passado. Um profissional humano e atualizado, ligado afetivamente a seus doentes e ao seu serviço, participante das ações comunitárias e com as perspectivas de uma carreira profissional.
Acadêmicos Presentes: Antônio Spina França Neto; Benjamin José Schimidt; Bruno König Jr.; Cássio Ravaglia; Ceci Mendes de Carvalho Lopes; Celso Guerra; Fernando Proença de Gouveia; Guido Arturo Palomba; José Luiz Lemos da Silva; José Rosemberg; Luiz Baccalá; Luiz Carlos Canto Pereira; Luiz Celso Mattosinho França; Marisa Campos Moraes Amato; Nadin Farid Safatle; Nelson Guimarães Proença; Paulo Kassab; Paulo Márcio Coifman; Rozeane Luppino; Rui Telles Pereira; Salvador José de Toledo A. Amato.
20/agosto/1997 – A Academia na Internet: Colaboração de todos Acadêmicos para tornar a Home Page mais atrativa ao usuário
(exposição oral)
Marisa Campos Moraes Amato
Acadêmicos Presentes: Antônio Carlos Zanini; Antônio Morato Leite Neto*; Benjamin José Schimidt*; Carlos Alberto Salvatore*; Ceci Mendes de Carvalho Lopes*; Celso Guerra*; Irany Novah Moraes; Jalma Jurado*; Jayme Oliveira Filho*; José Luiz Lemos da Silva*; Luiz Alberto Bacheschi; Luiz Baccalá*; Luiz Carlos Canto Pereira*; Luiz Carlos Cucê; Luiz Celso Mattosinho França*; Luiz Fernando Pinheiro Franco; Luiz Yu*; Marco Flávio Mastrandonakis*; Marisa Campos Moraes Amato; Nadin Farid Safatle; Oscar Resende de Lima*; Paulo Manuel Pêgo Fernandes*; Paulo Márcio Coifman*; Renato Andretto*; Salvador José de Toledo Arruda Amato; Sérgio Bortolai Libonati; Rui Telles Pereira*; Therezinha Ferreira Lorenzi*.
(*) Os nomes marcados com asterisco compraram um exemplar do livro “Mudança de Hábito”, cuja renda foi para a Academia de Medicina de São Paulo.
17/setembro/1997 – Rádio Cirurgia EstéreoTáxica (exposição oral)
Prof. Hérnan Bunge
(professor de rádio cirurgia da Universidade de Buenos Ayres)
Acadêmicos Presentes: Bruno König Jr; Carlos Alberto Salvatore; Fernando Proença de Gouveia; Guido Arturo Palomba; Irany Novah Moraes; José Luiz Lemos da Silva; Julio Croce; Luiz Baccala; Luiz Boro Puig; Luiz Carlos Canto Pereira; Luiz Celso Mattosinho França; Luiz Fernando Pinheiro Franco; Marco Flávio Mastrandonakis; Marisa Campos Moraes Amato; Oswaldo Paulino; Paulo Manuel Pêgo Fernandes; Paulo Márcio Coifman; Renato Andretto; Rui Telles Pereira; Salvador José de Toledo Arruda Amato. Convidados Presentes: Hernán Bunge; Schahin George; Marcus Vinicius Sadi
22/outubro/1997 – O primeiro passo para a medicina do próximo milênio Dr. Chao Lung Wen
(Diretor da Intec System Tecnologia)
Certamente, hoje estamos vivendo momentos onde grandes mudanças tecnológicas ocorrem em curtíssimo período de tempo, onde conceitos são superados rapidamente e novas evidências são diariamente apresentadas. Neste cenário de crescente avalanche de informações, a necessidade de atualização ágil e focalizada torna-se imprescindível, e a constante atualização do conhecimento médico se torna imperativa para a boa prática clínica. No contexto da informática várias tecnologias tem surgido com grande expressão e que certamente se estabelecerão no ambiente médico, como é o caso da Internet, que em pouco tempo derivará ramos como a telemedicina ( Disciplina já aprovada na Faculdade de Medicina da USP), tele-educação, realidade virtual, tele-robótica e uma série de eventos ligados ao processo de comunicação à distância.
A união dos médicos através da tecnologia das TELEs é inevitável, assim como a eletricidade, o automóvel, o telefone e etc., foram inevitáveis para a sociedade moderna. Ela não deve ser vista sob o angulo de um rompimento com conceitos já estruturados até as décadas de 70 e 80, mas deve ser encarada como um processo de aprimoramento natural destes conceitos. A telemedicina ultrapassa os conceitos da informática e tecnologia, mas acima de tudo é uma nova forma de pensamento e postura da comunidade médica, de modo organizado, estruturado e coerente, a possibilitar a integração e compartilhamento do conhecimento e experiência. As TELEs superam as barreiras impostas pela distância física, fronteira política, etc.
Assim como a telemedicina é uma questão de postura mental, a educação continuada médica é uma questão de postura acadêmico-assistencial. Certamente é inquestionável hoje a necessidade absoluta de constantes atualizações diante da grande massa de descobertas do dia a dia. Nestes conceitos, certamente a Academia de Medicina de São Paulo já atua nos dois pontos: a educação continuada, através dos seus cursos periódicos de atualização, e Internet através do seu Site, que em breve começará a oferecer informações de educação médica. Certamente a grande meta da Academia é a estruturação de uma telemedicina / tele-educação real e eficaz. Porém isto somente será possível com o florescer de uma nova filosofia entre os membros da Academia, onde cada um participe ativamente com uma parcela da sua experiência para a real criação deste cenário da Telemedicina. Um momento de Reflexão: Qual a importância da Telemedicina na Comunidade Médica Brasileira ? Será que cada um de nós não temos o que contribuir para este projeto ? Participem !!! A medicina precisa de vocês….
Acadêmicos Presentes: Alfredo Halpern; Aron Judka Diament; Antônio Carlos Zanini; Antônio Spina França Neto; Carlos Alberto Salvatore; Ceci Mendes de Carvalho Lopes; Celso Guerra; Eulógio Martinez; Fernando Proença de Gouveia; Guido Arturo Palomba; Irany Novah Moraes; Jayme Oliveira Filho; José Luiz Lemos da Silva; José Rodrigues Louzã; Luiz Baccalá; Luiz Celso Mattosinho França; Marisa Campos Moraes Amato; Nadim Farid Safatle; Nelson Guimarães Proença; Oswaldo Paulino; Paulo Kassab; Paulo Manuel Pêgo Fernandes; Paulo Márcio Coifman; Roberto Costa; Rozeane Luppino; Salvador José de Toledo Arruda Amato. Convidados Presentes: Aldo Fazzi; Chao Lung Wen; Edmundo Maia.
19/novembro/1997 – Lei Cultural Federal (Antiga Rouanet)
Sr. Francisco Luiz Messina
(Diretor da Consulcoope Consultoria Empresarial)
Antiga Lei Rouanet – Lei n.º 8313 de 23 de dezembro de 1991. Regulamentada pelo Decreto n.º 1494 de 17 de maio de 1995.
Um bom exemplo de administração eficaz, pode ser traduzido na possibilidade da realização de projetos culturais e sociais através da utilização dos impostos das empresas: Imposto de Renda, Imposto Sobre Serviços, etc. Isso se dá com o auxílio de empresas especializadas (como a Consulcoope), que dão todo o suporte técnico, administrativo e logístico para a viabilização destes projetos. Neste mesmo sentido o respaldo de uma entidade com a tradição da Academia de Medicina de São Paulo, em muito contribui para a concretização, em alto nível, dos objetivos que se pretendem atingir. Como Apoiar? – A forma de apoio é através de doações ou patrocínios em projetos devidamente aprovados pelo Ministério da Cultura nos seguintes seguimentos: Artes Cênicas: teatro, dança, ópera, mímica e congêneres; Música: música; Artes plásticas e Visuais: plásticas, gráficas, gravuras, cartazes e filatelia; Humanidades: língua clássica, língua e literaturas vernáculas, principais línguas estrangeiras e respectivas culturas, obras de referência (dicionários e enciclopédias), literatura, história e filosofia; Patrimônio Cultural: arqueológico, arquitetônico, arquivístico, artístico, bibliográfico, científico, ecológico, etnográfico, histórico, meseológico, paisagístico, paleontológico, urbanístico, cultura negra, cultura indígena, folclore e artesanato; Produção Audiovisual: cinematográfica, videográfica, fotográfica, discográfica, rádio e tv educativa cultural, de caráter não comercial, e, produções culturais – educativas de caráter não comercial, realizadas por empresas de rádio e televisão. Deduções e Abatimentos: Pessoa Física: 80% (oitenta por cento) do valor das doações, podendo chegar a 100% (cem por cento); e 60% (sessenta por cento do valor dos patrocínios, também podendo chegar a 100% (cem por cento); Pessoa Jurídica: 40% (quarenta por cento) do valor das doações, podendo chegar a 100% (cem por cento); e 30% (trinta por cento) do valor dos patrocínios, também podendo chegar a 100% (cem por cento). Com limite máximo se 5% (cinco por cento) do imposto devido podendo, ainda, abater o total das doações e patrocínios como despesa operacional.
Obs.: A utilização deste benefício deve ser feita até o mês de dezembro do ano-calendário que ocorrer a doação e/ou patrocínio.
Acadêmicos Presentes: Angelino Manzione; Carlos Alberto Salvatore; Ceci Mendes de Carvalho Lopes; Celso Guerra; Fernando Proença de Gouveia; Guido Arturo Palomba; Irany Novah Moraes; Jalma Jurado; José Luis Lemos da Silva; José Rodrigues Louzã; Julio Croce; Luiz Alberto Bacheschi; Luiz Baccala; Luiz Carlos Arcon; Luiz Carlos Canto Pereira; Luiz Celso Mattosinho França; Marco Flávio Mastrandonakis; Marisa Campos Moraes Amato; Nadim Farid Safatle; Nelson Guimarães Proença; Oscar Resende de Lima; Oswaldo Paulino; Paulo Kassab; Paulo Manoel Pêgo Fernandes; Paulo Marcio Coifman; Rui Telles Pereira; Salvador José de T. Arruda Amato; Sérgio Bortolai Libonati. Convidados Presentes: Francisco Luiz Messina; Rolando de Leonardis; Mário Marques Francisco; Oscar Cesar Leite; Marcus Vinícius Sadi.
18/fevereiro/1998 – Campanha de Profilaxia do Trote Violento
(exposição oral)
Sra. Lygia Trigo (jornalista)
(Diretora da Rádio USP)
Acadêmicos Presentes: Carlos Alberto Salvatore; Ceci Mendes de Carvalho Lopes; Celso Guerra; Chao Lung Wen; Fernando Proença de Gouveia; Irany Novah Moraes; José Luiz Lemos da Silva; José Rosemberg; Luiz Baccala; Luiz Carlos Arcon; Luiz Celso Mattosinho França; Luiz Fernando Pinheiro Franco; Marco Flávio Mastrandonakis; Marisa Campos Moraes Amato; Milton Borreli; Nadim Farid Safatle; Oscar Resende de Lima; Paulo Márcio Coifman; Renato Andretto; Rui Telles Pereira; Salvador José de Toledo Arruda Amato; Sérgio Bortolai Libonati; Solange Pistori Teixeira. Convidados Presentes: Ana Margarida Rosemberg; Mário Marques Francisco; Oscar Cesar Leite; Lýgia Trigo (jornalista); Simone Lemos (jornalista).
22/abril/1998 – Equivoquista Hospitalar
Prof. Dr. Irany Novah Moraes
A linguagem falada é extremamente dinâmica e se modifica em decorrência de numerosos fatores, tais como: regionais, modismos, influência de outras culturas, conquistas tecnológicas e, ultimamente, pela globalização. Acresce a esses fatores o enorme progresso desse fim de século que trouxe embutido o germe de regressão que está causando o que Miguel Reale (Estado, 10.01.98) chama de pobreza expressional e que “constitui um mal de nossa época, pois a cultura contemporânea, sob o impacto do rádio e da televisão, se baseia cada vez mais na oralidade, sem amor pelos valores primordiais da língua e o hábito da leitura cotidiana. Dedica-se sempre menos amor aos bons autores, para não referir aos clássicos do idioma, sendo, o que é pior, impressionante a carência de correção gramatical, que as gerações mais velhas aprendiam com o estudo do latim e, ao depois, quando este caiu em desgraça, graças a exercícios de ‘análise lógica’, cujo exagero sofisticado foi a causa maior de seu lamentável repúdio”. A comunicação instantânea faz com que as expressões faladas, de maneira corrente, não consigam entrar para a escrita com a mesma velocidade. O vernáculo contém quatrocentas mil palavras registradas no “Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa” elaborado pela Academia Brasileira de Letras, por força da Lei n.º 5.765 de 18 de dezembro de 1971, tendo por base o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia de Ciências de Lisboa, edição de 1940, publicado por Bloch Editores, em 1981. Assim, a defasagem entre o número de vocábulos da linguagem oral e escrita é muito grande, o que aliás, é facilmente compreensível.
Há mais de três décadas, Isaac Nicolau Salum, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, sugeriu que a Editora da Universidade de São Paulo – Edusp, publicasse um periódico de “Palavras em Processo de Dicionarização”, para abrir oportunidade à comunidade científica e artística de se manifestar no seu campo do saber, quanto às necessidades de palavras de que sentissem falta para comunicar, em português, os conhecimentos novos, advindos das conquistas próprias ou publicadas em outras línguas. Os vocábulos propostos seriam estudados por lexicógrafos, filósofos e colocados provisoriamente à disposição dos usuários e, se aceitos, incorporados ao vernáculo.
A idéia, embora tenha sido bem acolhida, não foi avante. Entretanto, o descompasso, cada vez maior, entre as duas linguagens precipitou a necessidade da dicionarização de muitos termos da língua inglesa. Assim, surgiu o trabalho de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, cuja qualidade e oportunidade tornou seu nome sinônimo de dicionário. Além de todos os méritos, ele tem o de dicionarizar palavras da linguagem falada e escrita, nos dias de hoje. No mundo do computador e da comunicação instantânea.
Esse preâmbulo é para chamar a atenção do jovem médico quanto ao respeito que se deve ter com o vernáculo, criando o hábito de usar as palavras adequadas para facilitar a comunicação. O médico tem que se esmerar neste aspecto para que o doente , bem como seus familiares, o entendam bem. Ele deve dizer tudo, mas somente o que o paciente precisa ouvir, no seu nível de compreensão e no momento adequado. Precisa também registrar no Prontuário Médico, em letra legível e termos precisos, tudo o que foi observado e prescrito. É fundamental esse aspecto pois, no caso de dúvidas a serem dissipadas pelo Conselho Regional de Medicina, ou até mesmo da Justiça comum, somente será válido o que estiver escrito.
Antes de prosseguir, vou lembrar às secretárias que abreviação de professor é prof. E nunca prof.º pois, para manter coerência elas deveriam também, abreviar doutor com a letra “o” como índice: dr.º. O equívoco talvez seja pelo fato de que, no feminino é prof.ª, e também dr.ª.
Vou deixar de lado o péssimo hábito do uso abusivo de siglas para indicar doenças, quadro clínico ou sintomas; compreensível apenas, ocasionalmente, ao pé do leito, para tornar hermética a conversa entre os médicos, de maneira a não afligir o paciente. Cabe especial atenção na hora de fazer uma comunicação escrita, em que nada poderá ser subentendido e o que vai ser dito deve ser explícito, preciso, conciso, em ordem direta e de maneira simples e clara. As siglas poderão aparecer, com o cuidado de apresentá-las entre parênteses, na primeira vez que a expressão for usada por extenso, o que indicaria, por assim dizer, que daquela altura em diante, ela será referida apenas, pela sigla.
Vou lembrar alguns vocábulos utilizados de forma inadequada que mais freqüentemente aparecem no cotidiano da vida hospitalar; tais como: inclusive, bastante, performance, sucesso, fracasso, painel, panelista, colheita, patologia e cirurgia.
INCLUSIVE – que significa (como advérbio) “de modo inclusivo”, “com inclusão”, ou (como adjetivo) “que encerra”, “que abrange”. Entretanto, seu uso é comum no lugar da preposição “e”. É sem propósito usar dessa maneira.
BASTANTE – é erroneamente usada como “muito”. Bastante é o que basta, o que completa, seja muito ou pouco.
PERFORMANCE – é utilizado como “aptidão física”. Aparece apenas no Aurélio significando atuação, desempenho.
SUCESSO – é freqüentemente usado no lugar de “bom sucesso” e seria melhor utilizar o vocábulo “êxito”, pois que sucesso (do verbo suceder) significa, rigorosamente, acontecimento, que pode ser bom ou mau. Tanto que, popularmente, usa-se a expressão “mau sucesso” para uma gravidez falhada.
FRACASSO – estrondo de coisa que se parte ou cai; mau êxito; malogro. O melhor é usar “malogro” que indica “falta de êxito”.
PAINEL – anglicismo utilizado para indicar o que em português se chama de “mesa redonda”, ou seja, reunião em que especialistas, em pé de igualdade, tratam de um assunto.
PANELISTA – é expressão não dicionarizada para indicar o participante que integra “mesa redonda”. Trata-se de uso totalmente inadequado; nem mesmo é registrada pelo Aurélio.
COLHEITA – equivocadamente, é usada como sinônimo de coleta. O certo é “coleta de dados”, “coleta de material para exame de laboratório”, “coletar dados para estudo”. A expressão assim aplicada aparece no sentido de recolher ou de obter, Por outro lado, colher deve ser usado no sentido de separar o fruto da haste. É errado falar-se em colheita de urina.
PATOLOGIA – também é freqüentemente usada como sinônimo de doença. Patologia é a parte da medicina que estuda a doença, sua origem, quadro clínico e natureza. Doença é sinônimo de moléstia, enfermidade; trata-se de alteração do organismo que perturba a saúde e que, no homem, pode ser física ou mental. Assim, não se pode dizer que “o paciente apresenta uma patologia” e nem que “o paciente tem nova patologia”. O correto é dizer que ele “apresenta outra doença”.
CIRURGIA – inadvertidamente essa palavra é usada como sinônimo de operação. Trata-se de utilização inadequada pois “cirurgia” é a arte enquanto “operação” é o ato. Não é correta a expressão “vou fazer uma cirurgia”, o certo é “vou fazer uma operação”. Pode-se dizer “tratamento cirúrgico” ou “indicar-se uma operação”. Nunca usar a expressão “a conduta é cirurgia” e sim “a conduta é cirúrgica”.
Essas considerações servem para alertar os jovens médicos para o uso adequado dos vocábulos, respeitar o vernáculo e assim diminuir a probabilidade de se tornar um equivoquista hospitalar.
Acadêmicos Presentes: Cássio Ravaglia; Ceci Mendes de Carvalho Lopes; Celso Guerra; Fernando Proença de Gouveia; Irany Novah Moraes; José Luiz Lemos da Silva; Luiz Baccala; Marcus Vinicius Sadi; Marisa Campos Moraes Amato; Nadim Farid Safatle; Oscar Cesar Leite; Oscar Resende de Lima; Oswaldo Paulino; Salvador José de Toledo Arruda Amato; Sérgio Bortolai Libonati; Solange Pistori Teixeira.
20/maio/1998 – Fundação Zoológico de São Paulo
Prof. Adayr Mafuz Saliba
(Presidente da Fundação Zoológico de São Paulo)
Atualmente, o Brasil é alvo de atenção mundial, por representar uma reserva natural, aparentemente inesgotável até pouco tempo atrás. A Amazônia – que com seus milhares de metros quadrados de florestas e rios abriga a maior biodiversidade da superfície terrestre – tem tido seu ecossistema destruído impiedosamente. Muitas espécies animais precisam de nichos ecológicos específicos e em escalas adequadas. Na medida em que esses nichos são restritos, a cadeia ecológica é rompida, muitas vezes inadvertidamente, e os problemas não são identificados até que um dano irreversível já tenha sido causado.
Desmatamentos, construções – como instalação de serrarias nacionais e internacionais, autorizadas ou não – incêndios – a exemplo do ocorrido em Roraima – e estilos de vida cada vez mais consumistas de uma população de mais de 12 milhões de habitantes que tiram do solo material para sua sobrevivência, são as causas mais freqüentes da deterioração dos habitats naturais de muitas espécies, algumas já dizimadas pelo contrabando de seus exemplares, especialmente através dos aeroportos de Recife e os do Paraguai e da Bolívia, com destino à Bélgica, Holanda e Suíça.
Para a continuidade da vida, o meio-ambiente deve ser preservado. Podemos afirmar que a consciência ecológica está crescendo, porém ao mesmo tempo, existe uma falta de comprometimento individual com relação à necessidade de mudanças de hábitos que poderiam levar a um desenvolvimento sustentado e reverter as tendências negativas. A missão dos zoológicos é então a de, através da educação, contribuir para a apreciação e compreensão dos processos da natureza e através dos programas de conservação em cativeiro, garantir a sobrevivência de algumas espécies já ameaçadas.
O Zoológico de São Paulo destaca-se, não somente como um dos mais interessantes e instrutivos pontos turísticos da capital, mas também por seus programas de conservação internacionalmente reconhecidos.
A reprodução dos micos-leão, símbolo dos animais ameaçados e cuja preservação reuniu os esforços de zoológicos de diversos países, está sendo feita no Zoológico de São Paulo há doze anos, com mais de 90 nascimentos já registrados. Casais foram enviados para formar novas colônias, no Brasil e no exterior, com destaque para os zoológicos de Marwell e Jersey na Inglaterra, Dresden, Krefeld e Magddeburg na Alemanha, Central Park nos Estados Unidos, Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, e Zoológicos de Brasília e Bauru, eliminando a possibilidade de sua extinção. O habitat histórico dessas espécies foi reduzido a 2% de sua área original e está fragmentado a tal ponto que mesmo sua espécie mais abundante, o mico-leão-de-cara-dourada, Leontopithecus chrysomellas, originário do sul da Bahia, é o que mais encontra em risco na natureza devido à descaracterização de seu habitat e à caça predatória indiscriminada. Já o mico-leão-dourado, Leontopithecus rosalia, que despertou a atenção do mundo por causa da cor ouro-avermelhada de sua pelagem, teve sua criação em zoológicos cercada de tal sucesso que sua sobrevivência tornou-se garantida, permitindo sua reintrodução em quantidade satisfatória (mais de 600 exemplares) na Reserva Biológica de Poço das Antas, no Rio de Janeiro, com animais vindos de zoos de todo o mundo, sob gerenciamento do Zoológico de Washington. Paradoxalmente, o mico-leão-preto, Leontopithecus chrysopygus, originário de São Paulo, cuja população representa apenas poucas centenas de indivíduos que sobreviveram após o enchimento do reservatório de Rosana na região de Teodoro Sampaio, encontra-se menos ameaçado na natureza graças à conservação das matas primárias e regeneradas do Estado de São Paulo em que ainda sobrevive.
Parceria com o CENAQUA/IBAMA, Centro Nacional dos Quelônios da Amazônia, iniciada em 1984, tem resultado em relevantes estudos sobre a biologia e comportamento da tartaruga-do-amazonas, Podocnemis expansa, comuns nos vários afluentes do rio Amazonas principalmente no rio Trombetas e no Araguaia e cujo maior predador é o homem, que captura as fêmeas e os ovos, logo após a desova, ambos bastante apreciados como pratos típicos da região. Com o sucesso da criação em cativeiro, os restaurantes podem ser abastecidos e a sobrevivência da espécie assegurada.
O Comitê de Preservação da Ararinha-Azul, Cianopsitta spixii, foi criado em 1991, no Zoológico de São Paulo que, recebendo da Traffic Sud América da W.W.F, World Wildlife Fund cinco exemplares dessas naturalmente raras aves, prestes a serem contrabandeadas para a Europa via Paraguai, contactou o IBAMA, que convidou os criadouros possuidores da espécie em todo o mundo a formar o comitê. Na época existiam 22 animais em cativeiro e um animal solto na natureza, em Curaçá na Bahia, região ribeirinha próxima a Petrolina. Sendo esse exemplar um macho, os pesquisadores procuraram levar para perto dele uma fêmea criada em cativeiro, que, não tendo experiência para viver em liberdade e livrar-se dos predadores, infelizmente desapareceu talvez abatida por um falconídeo. Hoje existem 44 exemplares no mundo, com reprodução em cativeiro bem sucedida somente na Holanda e nas Filipinas e mesmo assim com resultados limitados. O objetivo agora é investir na reprodução da espécie no Brasil, seu país de origem.
A participação efetiva do Zoológico de São Paulo na preservação da harpia, Harpia harpyja e da arara-de-lear, Anodorynchus leari, bem como de outras aves da região da Bahia, também tem sido reconhecida pelas demais instituições envolvidas. Recente excursão à caatinga em Canudos revelou a presença de aproximadamente 106 araras-de-lear. As autoridades têm encontrado dificuldades no combate à caça, já que a região é dominada por plantações ilegais e seus proprietários impedem a ação dos fiscais. Seis aves capturadas para contrabando e resgatadas por fiscais do IBAMA foram entregues ao Zoológico.
Para adultos e crianças, preocupadas apenas com lazer, poucas experiências são tão significativas quanto uma visita ao zoológico. Apreciar a diversidade da fauna cria um vínculo poderoso e universal com a natureza. Aproximadamente 10% da população do mundo visita um zoológico ou aquário a cada ano.
Ocupando uma área de 824.529m2 em sua maior parte coberta por Mata Atlântica, onde se alojam as nascentes do Riacho do Ypiranga, o Zoológico de São Paulo exibe quase 3.000 animais, não somente da fauna exótica, como gorilas, girafas, elefantes, antílopes africanos, mas também onças, tartarugas, araras, cervos, ararajubas e muitos outros da nossa fauna, promovendo consciência e compreensão sobre a vida animal e gerando atitudes positivas.
As empresas, bem como a comunicação que faz com que elas tenham real expressão no mundo, têm que ter um senso de missão que transcenda à simples procura pelo sucesso e pelo lucro. (Malcom Forbes – Presidente e Editor Chefe da Forbes Magazine).
Acadêmicos Presentes: Carlos Alberto Salvatore; Ceci Mendes de Carvalho Lopes; Fernando Proença de Gouveia; Guido Arturo Palomba; Irany Novah Moraes; Jalma Jurado; Josar de Carvalho Ribeiro da Silva; José Luiz Lemos da Silva; Luiz Baccala; Luiz Celso Mattosinho França; Marco Aurélio Cunha; Marisa Campos Moraes Amato; Oscar Resende de Lima; Paulo Márcio Coifman; Salvador José de Toledo Arruda Amato.
17/junho/1998 – Perspectivas do mercado diante da globalização
Prof. José Salibi Neto
(Diretor da HSM Managemement)
Acadêmicos Presentes: Antônio Carlos Zanini; Carlos Alberto Salvatore; Cássio Ravaglia; Ceci Mendes de Carvalho Lopes; Guido Arturo Palomba; Irany Novah Moraes; Jayme Oliveira Filho; Josar de Carvalho Ribeiro da Silva; Luiz Baccala; Luiz Carlos Arcon; Luiz Celso Mattosinho França; Nelson Guimarães Proença; Paulo Márcio Coifman; Ruy Telles Pereira; Salvador José de Toledo Arruda Amato. Convidados: Casimiro Payá
22/julho/1998 – McDia Feliz
Prof. Dr. Ronaldo Marques
(Diretor de Marketing do Mc Donald’s da América do Sul)
Nenhum de nós pode fazer tanto pelas crianças com câncer quanto todos nós juntos.
Anualmente são diagnosticadas de 8 a 9 mil novos casos de câncer infantil. Mais de 70% são curáveis, quando diagnosticados precocemente e tratados. Há dez anos atrás este percentual de cura era de apenas 35%. Em 1998 deverão ocorrer em torno de 3 mil óbitos. Nosso objetivo é ajudar no diagnóstico precoce, tratamento e cura do câncer infantil e despertar a atenção de toda a sociedade para uma realidade que atinge crianças do mundo inteiro. O McDia Feliz é o principal evento comunitário do sistema McDonald’s no Brasil, o que mais arrecada fundos para a causa do câncer infantil e o 2o evento que mais arrecada fundos para a infância brasileira. Esta é a 9a edição, totalizando R$ 7,5 milhões já doados. É o atual recordista mundial em arrecadação (R$ 2,3 milhões em 97). A arrecadação se dá com um dia de toda a venda de Big Mac (menos impostos) de todos os nossos restaurantes, doações diretas de fornecedores e parceiros do sistema e o esforço da comunidade, buscando recursos adicionais, via apoio de pessoas e empresas e venda de suvenirs (camisetas, bonés, chaveiros,…). A realização do McDia Feliz é feita sem custo. Ou seja, produtos e serviços são obtidos gratuitamente. Esta arrecadação se concentra em projetos de grande impacto social. Todos os restaurantes de uma mesma cidade contribuem para uma única instituição, se não houver entidade local, a doação será feita para a instituição da cidade mais próxima. As entidades beneficiadas são aquelas que reconhecidamente trabalham em prol do câncer infantil, sem fins lucrativos, que possuam projetos de aplicação da arrecadação muito bem definidos e com capacidade de mobilização da comunidade, via corpo de voluntários, para assumir a condução do McDia Feliz local. Nossa estratégia de atuação é fazer com que a comunidade local assuma a propriedade do McDia Feliz, usando do seu conhecimento e entusiasmo para maximizar o volume de recursos em prol do diagnóstico precoce, tratamento e cura do câncer infantil. Nossos desafios para o ano de 1998 são: conseguir maior engajamento dos nossos fornecedores com a causa, ter em cada uma das nossas pessoas um voluntário dedicado, envolvido e orgulhoso e ter a comunidade local responsável por 100% da condução do programa.
332. Reuniões Magnas
7/abril/1997 – Posse da Diretoria 98-99
novembro/1997 – Reunião de encerramento do ano
Prezados Acadêmicos, Senhoras e Senhores. Em nome da diretoria da Academia de Medicina de São Paulo, agradeço a presença de todos e, em particular, o Magnífico Reitor da UNIBERO – Universidade Ibero-Americana, Prof. Dr. Júlio Garcia Morejón que, graças a seu elevado espírito universitário, acolheu a Academia propiciando um local estratégico para aguardarmos a conquista da almejada Sede Própria. Assim, já temos novo endereço: Av. Brigadeiro Luís Antônio, 841. Estratégico por ser dentro de uma Universidade, onde há intensa circulação de idéias potencializando o trabalho da Academia. A solenidade maior dessa sessão é a promoção de Acadêmicos Titulares a Eméritos e de recebimento dos novos acadêmicos mas, nessa oportunidade, a Presidência não poderia deixar de dar sua mensagem.
Habitualmente a “festa” da Academia costuma ser em março. Este ano, fugimos da rotina pois, não prorrogaremos o mandato e não teremos “reeleição”; entretanto, encontramos uma solução não intermediária mas diferente: tornar o “ano acadêmico” mais curto e, ao invés de terminar em março, com nove meses, finda hoje 5 de dezembro. Esse artifício é para podermos obter mais resultados. Talvez seja a consciência de responsabilidade da tradição centenária da Academia que nos obriga a produzir mais diante da modernidade e da atual globalização.
Preliminarmente esclareço que todo trabalho está sendo feito em equipe e assim mesmo, mobilizando as reservas energéticas de todos integrantes dessa Diretoria, membros das Comissões de Patrimônio e Científica, Acadêmicos e Comunidade. Sentimos o melhor acolhimento, ninguém mediu esforço para atender ao chamado da Academia e a colaboração foi espontânea e natural. Vou enumerar, de maneira rápida, o que já foi feito e, agradecendo a todos que participaram direta ou indiretamente:
1. Curso de Especialização em Clínica Médica – Ressalto a participação de todos os Acadêmicos convidados. Não titubearam em dar sua parcela de sacrifício à noite e aos sábados para ministrar aulas no Curso de Especialização em Clínica Médica que a Academia oferece e que aliás está tendo grande êxito. Com ele a Academia, mais uma vez, dá sua parcela em benefício da cultura médica nacional. O Brasil tem, hoje, 160 milhões de habitantes; 60 milhões tem atendimento de saúde na rede pública, 40 milhões na rede de iniciativa privada e os restantes, 60 milhões, não tem acesso a um mínimo necessário. Assim, a assistência médica em nosso meio apresenta um descompasso. Há lugares onde os recursos disponíveis são de primeira linha e outros onde nem mesmo as condições básicas de higiene e nutrição são atendidas. Num país tão heterogêneo, utilizar adequadamente os recursos disponíveis nem sempre é tarefa fácil. Existem, cada vez mais, recursos diagnósticos decorrentes do avanço tecnológico e, por outro lado, cada vez menos recursos econômicos. O equilíbrio é um constante desafio. A Inglaterra tem investido no Clínico Geral para solucionar esse problema. A França aumentou a remuneração do Clínico para incentivar a formação de um número maior desses profissionais. Essa talvez tenha sido a atividade socialmente mais importante da Academia este ano. Seja pelo exemplo que está dando para melhorar a cultura médica, seja pela mobilização de seu quadro arregimentando vinte acadêmicos e cinqüenta médicos colaboradores das várias Especialidades formando um Corpo Docente da mais alta competência.
2. Mudança de Hábito – publicamos o livro com esse título e a Faculdade Ibero-Americana patrocinou a edição e a Academia está difundindo, esperando que cada leitor colabore com uma parcela em dinheiro para alimentar o fundo de aquisição da sede própria.
3. Venha e Participe – Mensalmente todos os Acadêmicos receberam, por mala direta, o Boletim Venha e Participe dando notícias das atividades e convidando, empenhadamente, para que todos participem ativamente da vida da Academia.
4. Tertúlias Acadêmicas – Mensalmente os Acadêmicos tiveram a oportunidade de almoçar juntos. Um orador sempre deu uma breve mensagem de interesse geral, mas o que valeu mesmo foi o convívio profícuo.
5. Campanha de Profilaxia do Trote – A Campanha está tendo a maior aceitação bem como numerosas entidades estão agindo como fator multiplicador. Ressalto a adesão da Academia Paulista de Educação, Academia Paulista de Psicologia, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Universidade São Marcos, União Paulista de Educação, Rádio Trianon, Jornal da USP, Revista British Medical Journal, Deputado Dráusio Barreto, Dra. Isabel Adrados e Profa. Eunice M.L. Soriano de Alencar.
6. Perfil Cardiovascular do Brasileiro – A Academia, com o apoio da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, distribuiu amplamente um Questionário Rastreador dos Fatores de Risco de Acidente Vascular e obteve, até o momento, onze mil respostas. Todos os interessados receberam a indicação do que poderiam fazer por si próprio para diminuir seu risco de acidente vascular que põe a vida em perigo.
7. Videoteca da Saúde – A Academia está instalando uma Videotéca em sua nova sede, aqui na Faculdade Ibero-Americana, com a colaboração da Fundação Padre Anchieta que nos doou cinqüenta capítulos, de uma hora, do Programa Receita de Saúde e da Associação Paulista de Medicina que ofereceu, outros tantos filmes, de seu acervo. A Ibero vai, semanalmente propiciar ao público acadêmico sessões de projeção e, posteriormente abrir essa oportunidade aos moradores do Bexiga. Será mais um programa de difusão de ensinamentos de como cuidar da saúde pois, em questão de saúde quem não é solução já é problema.
8. Cultura & Saúde – Revista Oficial da Academia e Faculdade Ibero-Americana que continua com sua publicação trimestral.
9. Seguro de Responsabilidade Civil – Tendo a consciência de que a medicina no Brasil é um reflexo da medicina americana, com uma certa defasagem, a Academia tornou-se estipulante de uma apólice de seguro de responsabilidade civil, do qual todos os interessados em se preservar podem fazer parte. Para o próximo ano, esperamos dar início ao jornal da Academia com a colaboração do jornalista Carlos Brickman. Teremos edições mensais e será dirigido exclusivamente para a classe médica de todo o país.
Esperamos também, poder descobrir o lado artístico dos acadêmicos e seus familiares. A Dra. Ceci Mendes Carvalho Lopes está empenhada em realizar uma reunião artística no decorrer do próximo ano. Esses são, em breves palavras, os resultados do trabalho dessa Diretoria. Mas é fundamental que todos continuem a colaborar pois ainda falta muito.
13/março/1998 – Comemoração do 103o aniversário
A Academia de Medicina de São Paulo comemora hoje seu centagésimo terceiro aniversário. Há mais de um século Pereira Barreto e a elite médica de São Paulo fundaram essa entidade. Ela tem como objetivo: a) promover e estimular o estudo e o progresso da medicina e das ciências afins; b) realizar sessões em que sejam discutidos assuntos relativos à Medicina e às ciências afins; c) promover cursos e congressos médicos; d) divulgar suas atividades, os trabalhos de seus sócios e os conhecimentos médicos em geral; e) opinar sobre todas as questões que envolvam direta ou indiretamente o exercício da profissão médica; f) colaborar com os Poderes Públicos no estudo de questões de caráter médico ou médico-social; g) manter ligações estreitas com entidades semelhantes de âmbito estadual, nacional ou internacional. Mantemos, ainda hoje, a mesma chama de entusiasmo que uniu aqueles intelectuais.
A sessão de hoje tem um significado especial. Estamos acolhendo dignos nomes da medicina paulistana Paulo Augusto Azevedo Antunes; Josar de Carvalho Ribeiro da Silva; Aldo Fazzi; Oscar César Leite, Mário Marques Francisco como acadêmicos para fazerem parte desta elite privilegiada. Entregamos o título de Acadêmico Emérito ao Prof. Rosemberg pelos seus brilhantes anos devotados à medicina e entregamos ao Prof. Júlio Morejón digníssimo reitor desta Universidade o título de Benemérito.
O estatuto da Academia de Medicina de São Paulo prevê distinção especial para certas pessoas que contribuem para seu engrandecimento.
O Prof. Júlio Morejón, muito mais do que cedeu um espaço físico com toda a infra-estrutura para nossa Academia como acolheu-nos de braços abertos, com o coração. Incorporou-se e compartilhou de nosso problema de sobrevivência e também de nossos ideais e planos para o futuro. A Revista Cultura & Saúde e a Videoteca demonstram sua participação ativa na Academia já há algum tempo.
A visão social e humanística o Prof. Júlio faz com que ele seja o homem que é hoje. Para ser bom é necessário muito mais do que bondade, é necessário espírito elevado de compreensão. No caso do Prof. Júlio, temos cultura, inteligência e visão muito ampla. Não vive na Terra e sim no Universo. Seus valores são outros e a capacidade de sonhar e concretizar esses sonhos também ressaltam sua inteligência. Não basta ser bom, é preciso saber como sê-lo.
Enfim para se fazer um herói basta um momento, entretanto para se fazer um homem virtuoso é necessário uma vida inteira.
Assim, em nome desta Academia eu lhe confiro o título de Benemérito.
28/abril/1998 – Encerramento do 1o Curso de Especialização em Clínica Médica
Reunião solene de entrega dos Diplomas dos alunos que concluíram o referido curso (Vide Capítulo 11 – p. 82)