Capítulo 13
Linha de Pesquisa Científica
Estudo dos Mecanorreceptores Ventriculares
94. Laboratório do IBEC – 95. Laboratório de Patologia Experimental – 96. Laboratório de Fisiologia da USP – 97. Estimulação Hipotalâmica em Cães: Respostas Hemodinâmicas e Reflexas – 98. Dissertação de Mestrado – 99. Tese de Doutorado – 100. Protocolo de pesquisa – 101. Tese de Livre-Docência.
94. Laboratório do IBEC
O pendor para a pesquisa científica na área biológica manifestou-se desde a vida estudantil, quando ainda cursando o colegial, freqüentou com assiduidade e interesse, o Laboratório do IBEC – Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Ensino de Ciências nos “barracões” da Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira.
95. Laboratório de Patologia Experimental
Após sua entrada no curso médico da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, estagiava durante as férias no Laboratório de Patologia Experimental do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual onde, sob a orientação do Dr. L.C. Mattosinho-França, pesquisava a evolução da placenta de camundonga familiarizando-se com a manipulação de animais de experimentação, de dezembro de 1972 a março de 1973. (Doc. 09)
96. Laboratório de Fisiologia da USP
Logo após ter concluído o Curso de Medicina em 1979, passou a freqüentar o Laboratório de Fisiologia Cardiopulmonar do Instituto de Ciências Biomédicas sendo orientada pelo Prof. Dr. Oswaldo Ubríaco Lopes. Nesse ambiente entusiasmou-se pelo Estudo dos Mecanorreceptores Ventriculares que adotou como linha de pesquisa.
97. Estimulação Hipotalâmica em Cães: Respostas Hemodinâmicas e Reflexas
Foi o primeiro trabalho elaborado dentro da linha de pesquisa apresentado no X Congresso Anual da Sociedade Brasileira de Fisiologia e publicado nos anais, 9 a 11 de abril de 1979 (doc. 41)
Resumo: Entre 1950-60, autores suecos descreveram a ativação de um sistema de fibras simpáticas vasodilatadoras colinérficas, por estimulação hipotalâmica de áreas supra-quiasmáticas e perifornicais, esse efeito foi conseguido em gatos e cães. Devido a reações comportamentais, em animal acordado, bastante características, esta área hipotalâmica ficou conhecida como “área de defesa”. Vale lembrar aqui, alguns aspectos da resposta no cão: a) respostas vasodilatadoras puras, sem ativação conjunta de fibras vasoconstritoras; b) respostas comportamentais, menos óbvias do que no gato e que dependem de estímulos crescentes em intensidade. O conjunto de dados experimentais no gato é muito grande, enquanto que no cão os resultados são poucos e esparsos; tal fato é bastante compreensível se considerarmos a possibilidade de realizar experimentos estereotáxicos no gato e sua dificuldade acentuada no cão, face a diferenças cranianas interraciais e individuais.
Foram utilizados cães de peso entre 15kg, de raça não definida, pré-medicados com morfina (2mg/kg) e anestesiados e uretana (60 e 600mg/kg). Os animais eram fixados no instrumento estereotáxico pela peça para mandíbula, especialmente construída. Registraram-se: respiração, freqüência cardíaca, fluxo da artéria ilíaca, pressão arterial (PA) e, por divisão, a condutância do território vascular do membro inferior. Por meio de experimentos prévios fora possível determinar que, uma vez fixada a cabeça do animal, pode-se atingir a área em questão tomando como referência o bregma. Nestas condições, introduzia-se um par de elétrodos, separados por 4mm e centrados na linha média. A exploração vertical se fazia dorsal e ventralmente, a intervalos de 0,5mm a partir de um ponto situado 7mm acima da linha interauricular. De nossos resultados destacam-se: 1) obtenção de vasodilatação muscular, atropino, sensível, não acompanhada de alteração da PA ou então, de queda da PA inferior a 20mmHg; 2) Concomitante hiperpnéia, traduzida por aumento de freqüência e amplitude dos movimentos respiratórios; 3) bloqueio completo ou parcial da arritmia sinusal, vale dizer do tono vagal, associado aos movimentos respiratórios, de modo semelhante ao do gato (Lopes & Palmer, 1978). Também no cão a estimulação do nervo laríngeo superior, abolindo a respiração, resulta em bradicardia durante estimulação hipotalâmica; 4) localizada ventralmente a esta região e em conformidade com achados prévios de Eliasson, Lindgren e Uvnäs (1953), é possível estimular outra área que produz também hiperpnéia, vasodilatação muscular (só que atropino-resistente), bloqueio do tono vagal e hipertensão arterial da ordem de 15mmHg até 50mmHg. Há indícios de que a vasodilatação nestas condições depende de ativação de barorreceptores e eventualmente de receptores cardíacos.
98. Dissertação de Mestrado
A idéia de estudar melhor a vasodilatação encontrada nesse trabalho, explorando a eventual possibilidade de ser reflexa à estimulação dos mecanorreceptores ventriculares, resultou na pesquisa apresentada no XL Congresso da Sociedade de Cardiologia (Doc. 76), que teve excelente repercussão, induzindo mesmo, que se aprofundassem o estudo, a ponto de se escolher, como Dissertação de Mestrado.
A Dissertação: Contratilidade Cardíaca e Vasodilatação Reflexa – Resumo publicado na Rev. Bras. Med. Cardiologia, 7 (4): 152-156, 1988 (Doc. 107) apresentado a seguir e, mais tarde, com o título Mecanorreceptores Cardíacos na Revista Acta Cirúrgica Brasileira, 7 (3): 109-111, 1992. (Doc. 157)
Resumo: Os experimentos realizados em cães, mostram o efeito da atividade cardíaca sobre a resistência vascular periférica. Foram feitos vários ensaios aumentando a freqüência cardíaca com marca-passo e isoprenalina e aumentando a contratilidade cardíaca com estimulação de nervos cardíacos simpáticos, dobutamina e noradrenalina. Utilizamos a noradrenalina na dose padrão de 2ug/kg e medimos o fluxo na artéria femoral antes e após o estímulo. A injeção foi feita em diversos níveis da aorta, intracardíaca e na veia axilar. Para estudar a dependência do fenômeno com as vias nervosas, fizemos o estímulo em cães com os nervos femoral e ciático seccionados, em cães com desnervação dos seios carotídeos e aórticos e em cães com os vagos seccionados bilateralmente.
No InCor – Instituto do Coração continua dentro dessa mesma linha de pesquisa procurando tirar inferências da experimentação para encontrar soluções para os problemas da clínica diária. Assim, estudou pacientes assintomáticos com estenose valvar aórtica.
Resumo: Ao estudarmos no laboratório de fisiopatologia a Dissertação de Mestrado, os reflexos causados pela estimulação de mecanorreceptores ventriculares, fizemos um paralelo com nossos problemas diários da clínica – na estenose aórtica ocorre o estímulo desses receptores pelo aumento da pressão intraventricular. Estudando em cães verificamos que a intensidade do estímulo modifica a resposta reflexa. Assim, imaginamos que a melhor maneira de quantificar a gravidade da lesão seria estudando a repercussão sistêmica durante o exercício físico, quando o estímulo dos mecanorreceptores aumenta com o aumento da pressão intraventricular. 1- o aumento do consumo de O2 acentua o desequilíbrio entre o aporte sangüíneo pela desproporção com a massa hipertrofiada; 2- o aumento da freqüência cardíaca sem a manutenção do DC adequado devido à diminuição da área de vazão contribui para a pressão arterial não aumentar; 3- o aumento da PV para vencer barreira estimula os mecanorreceptores ventriculares levando à vasodilatação. A avaliação dinâmica revela a real situação do doente. Assim, revendo a literatura, verificamos que à cerca de 20 anos atrás, antes do ecocardiografia, o teste ergométrico era utilizado para selecionar aqueles que devem se submeter ao cateterismo cardíaco. Este, por ser um exame invasivo, não deve ser repetido periodicamente, portanto, nada mais útil para avaliar a evolução de doenças no decorrer dos anos, do que o Teste de Esforço.
99. Tese de Doutorado
A Tese de Doutoramento foi posteriomente publicada: Estenose aórtica assintomática – avaliação pelo teste de esforço na Revista Acta Cirúrgica Brasileira, 10 (2): 77-83, 1995. (Doc. 212)
Resumo: Estudaram-se, com teste de esforço, 69 pacientes assintomáticos com estenose aórtica, de moderada à grave, sendo 45 (65%) masculinos com média de idade de 48, 39 anos, variando de 18 a 80 anos.
O teste de esforço foi positivo em 59.42% dos pacientes devido ao infradesnivelamento do ponto “Y” em 65.8% dos mesmos, e/ou desencadeamento de sintoma em 46.4% e/ou arritmia em 7.3% e/ou comportamento da pressão arterial sistólica em 46.4%. O teste de esforço foi positivo em 27.59% (8/29) de pacientes com área valvar maior que 0.70 cm2, 100% dos pacientes com área menor que 0.50 cm2 apresentaram teste de esforço positivo. A média do infradesnivelamento do ponto “Y” apresentou associação negativa com área valvar. A variação de pressão arterial sistólica foi inadequada durante o esforço nos portadores de área valvar. O índice volume/massa apresentou relação inversa com o comportamento do ponto “Y” (p= 0.0058), enquanto o gradiente transvalvar aórtico apresentou diferença significativa em função do resultado do teste de esforço, sendo p= 0.0011. O teste de esforço positivo, independentemente da área valvar aórtica, apresentou-se como um bom indicador para definir o momento ideal para a indicação cirúrgica, enquanto a resposta negativa ao teste de esforço evidenciou a existência de reserva miocárdica adequada e, sob supervisão médica periódica, o paciente pôde aguardar o momento ideal para a cirurgia.
Foi dado continuidade a essa pesquisa e durante dois anos, os doentes que integravam o protocolo foram seguidos e assim, pode-se estudar o valor preditivo do Teste de Esforço na avaliação da Estenose Aórtica Assintomática. Esse trabalho foi apresentado no XLVIII Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, de 20 a 24 de setembro de 1992, em Recife/Olinda, e publicado em seus Anais. (Doc. 254)
Resumo: A problemática do momento oportuno para indicação cirúrgica em valvopatia existe porque o tratamento, ainda hoje, é paliativo, uma vez que o substituto valvar ideal não existe. Assim, quanto mais tempo o indivíduo preservar sua valva natural, menor o risco de necessitar de reoperação. Este trabalho foi realizado com o objetivo de contribuir para uma adequada avaliação dos pacientes assintomáticos com EVAO grave. Casuística e Método: Acompanhei clinicamente, por um período de 20 meses, os 69 pacientes estudados na minha Tese de Doutoramento apresentada na Universidade de São Paulo em 1990. Esses pacientes apresentavam EVAO sem outra doença associada, com média de idade de 48.39 anos, sendo 65% do sexo masculino. Os pacientes foram avaliados pelo Eco Doppler Cardiograma quanto à área valvar e o gradiente transvalvar aórtico e, pelo teste de esforço, formando-se o grupo A de pacientes com exame normal e grupo B com exames alterados, que foram estudados estatisticamente pelo teste do qui-quadrado. Resultado: O teste de esforço revelou-se melhor que a área valvar e que o gradiente transvalvar como avaliação preditiva da sintomatologia em repouso (oportunidade cirúrgica) da EVAO. A eficácia do TE foi de 80%, enquanto da área valvar foi de 66,67% e do gradiente de 69,60%. Introduzimos o TE com o intuito de avaliar a real repercussão da lesão aórtica em níveis progressivos de trabalho cardíaco controlado, desencadeando possível alteração hemodinâmica, não detectada durante o repouso, quando os mecanismos compensatórios ainda são suficientes.
100. Protocolo de pesquisa
A Fundação Alexander von Humboldt julgou, para a concessão da Bolsa de Estudos, o Protocolo de Pesquisa intitulado: “Aortic Clamping Consequences in the Heart” (cf. item 8, capítulo 2).
101. Tese de Livre-Docência
Dentro da mesma linha de pesquisa, surgiu a idéia da estimativa crítica dos resultados a longo prazo do valor da avaliação pelo teste de esforço da estenose aórtica assintomática que resultou na Tese de Livre-Docência – Estenose Aórtica Assintomática: fatores determinantes do prognóstico a longo prazo e importância do teste de esforço. Esse trabalho consta do acompanhamento de um grupo de sessenta e seis pacientes assintomáticos com estenose valvar aórtica seguido por um período de até sessenta meses em que a curva de sobrevida, livre de eventos, mostra a gravidade dessa doença e o valor preditivo dos métodos de avaliação empregados.
Os dados preliminares desse trabalho foram apresentados no 11th International Congress – Cardiostim 98, realizado em Nice, com o título Aortic valvar stenosis and the ergometric test (Doc. 270), publicado na Revista Arquivo Brasileiro de Cardiologia, vol. 70, n. 4, 251-255, 1998 sob o título Prognóstico da estenose valvar aórtica assintomática pelo teste de esforço (Doc. 304) e aceito no XIX Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo a ser realizado em Campos do Jordão-SP de 17 a 19 de setembro de 1998 sob o título O Teste de Esforço no Prognóstico do Pacientes com Estenose Aórtica (Doc. 305).